
Manaus - Am
01h34
“Não faço rodeios, não meço palavras
Eu digo o que sinto
Não perco meu tempo, amar não tem hora
Eu sigo seu ritmo
Te abraço apertado, adoro seu corpo colado no meu (...)”
(Cama Vazia – Rita de Cássia)
Alguém pergunta curiosamente:
- Cadê sua musa inspiradora?
Respondo imediatamente:
- Quem???
É quando faz pergunta esperta:
- Ah! Então posso ser essa “musa” inpiradora?!
Naquele instante acontece o inevitável do silencio e a trocas de olhares, caímos na gargalhada com gosto de comida japonesa no Japanase Food, situado no Dom Pedro. Saímos da temakeria em sentindo Ponta Negra rindo de algumas músicas que é muito conhecida no meio da bossa-nova e assim diz:
“Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor (...)”
(A Banda – Chico Buarque)
Passamos a noite conversando sobre música, projetos futuros, amigos, amores, paixões e tantas outras coisas que nos faz sentir vislumbrado pelo simples fato: Como temos tanto em comum.
Caminhando e cantando com essa companhia especial - no momento prefiro não revelar o seu nome - faz pensar no passado tão presente que tive e logo a saudade bate ao coração. Durante o nosso encontro assistimos a chuva bater no vidro do carro e na conversa veio abraço surpreso, pedindo um beijo com gosto de bis.
“Será que será” dessa vez? Talvez não. Depois de umas “pancadas” na vida passo a policiar os meus sentimentos, a não ver uma nova paixão: vir por vir, mas ainda mantenho a esperança de sim, quem sabe não é agora que tenho um alguém a minha disposição. Não peço muito da vida, apenas peço em oração um alguém que queira de verdade dividir apenas momentos que julgo importante nesta estrada.
Do lado de cá: Vejo flores.
Do lado de lá: Peço por favor, fique um pouco mais.
Então é quando ouço baixinho no meu ouvido:
- Me dar mais um beijo?
Finalmente, sem esperar muito o beijo toca os lábios de uma maneira sem despedida. Despedindo-se de mim pegando em minhas mãos com tanto afeto e respeito.
Sigo em frente, fecho a porta do carro. Em casa, chego no quarto e ligo a TV, mas nada toma tanta atenção do que aquele instante de olhares cheio de interesse e desejos. Olhar que não via alguns meses, como é bom sentir-se desejada por alguém.
Volto a rir de bobeiras magnetizadas da dúvida: Onde tirou a idéia de “musa” inspiradora?
Entre os meus botões acelerados fico só na sede de escrever mais e mais o que passa aqui dentro desse coração de poeta.
De repente volta um velho e conhecido poema de todos os boêmios, românticos, musicistas, poetas, escritores que apreciam o melhor da bossa com nada mais, nada menos que Vinicius de Moraes:
Soneto da Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Conheci esse texto ainda na adolescência, nas aulas de português da professora, Eunice Cunha, recordo que amei e emocionou com tamanha descrição da serena paixão. Agora, vem a mente depois de uma noite agradável, com belos sorrisos no rosto, encantos mirificos e intenções cheias de sutilezas, que o melhor do meu tesouro, guardarei a quem realmente hei de amar com toda alma.
Quem sabe isso seja utopia, mas se até o fim da vida conhecer alguém que faça perder o juízo por um momento, a sutileza da educação intencionada e partir para vontades loucas, certamente, vou saber que não é apenas uma paixão fulminante, energético, tolo, mas sim, finalmente chegou o momento:
O amor bate a porta desse jovem coração.
Simplesmente, procuro viver com a intensidade promissora. Declarando o que está guardado intactamente a um alguém, a um ser especial, arrebatador. Apenas, neste instante, fica os pensamentos deslizando as entrelinhas imaginárias dessa vida, contagiada de emoções regadas a bossa-nova.
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